20 de dezembro de 2011

E eu quero que você saiba: você não poderia ter me amado melhor.

Te amei além dos meus limites, além dos limites dos meus amigos ouvindo-me falar de ti.
Resolvi mergulhar em Coração de Tinta por quase nada, e me vi desesperada para saber do resto. Procurando por outros livros que me lembrassem os personagens desse, para prolongar essa ternura.

Aprendi com as personagens e as filosofias de Cornelia não só por ler, mas sentir os personagens e, incrivelmente, viver algo parecido no mundo fora do livro.
Eu quis entrar nele ou ser uma Língua Encantada.
Aprendi de vez que não imaginamos realmente um personagem. O sentimos e só o conjuramos a sós. Tanto que o mundo ao redor nunca fazia muito sentido depois.

Sonhei com Dedo Empoeirado e Mortimer dormindo, acordada... entre os dois.
Criei histórias antes e depois do que existia escrito e até ousei ser parte dela.
E devo confessar que criei outro mundo em mim, como nunca havia feito. Claro que sempre criamos algo novo em nós ao ousar ler outro livro. Mas o que se deu em mim foi o amor às palavras como eu nunca senti, e esse blog é a mais real prova disso. Batizei nosso agarponi azul de Gaio.
E como "talvez seja a saudade a única ligação entre as coisas", que o que me levou a devorar toda a trilogia com tanto amor foi algo infantil que amadurecia em mim e também a saudade das páginas lidas com tantos sentimentos diferentes. E eu amei finais felizes. Justo eu.

Mo percebeu que sempre que lemos um livro ele fica mais grosso. São os sonhos que enterramos entre as linhas. Cornelia sabe que todo livro nos guarda do jeitinho que somos ali, em algum lugar entre as letras. Por isso que quando lemos um livro pela segunda vez, lemos também o nosso passado, ali, tão (in)visível... Nunca lerei Mundo de Tinta novamente. Não assim. E é disso que me despeço tão saudosa. Sabendo que daqui uns anos, quando esse eu estiver adormecido e outro eu tiver crescido, voltarei a ser eu, mas também colocarei o meu novo ser ali, ao tocar o Mundo de Tinta com os olhos.

Só queria dizer que amei Cornelia como nunca amei ninguém. Minha pequena bruxa, assim como Meggie. Conhecendo cada canto de mim.
Meu maior Delírio. (Assim. Com letra maiúscula.)
E que, como ela mesma diz, Dedo Empoeirado é o amante perfeito e mais amado que nunca tivemos.

Está aí o que escrevi em outra língua no fim do último dos últimos capítulos.
"Eu quero que você saiba, que não importa onde essa estrada der, alguém tem que abrir mão. E eu quero que você saiba, que você não poderia ter me amado melhor."
Você me escolheu naquela biblioteca, Funke. Obrigada por me dar um lar. Mãe.
Com  tudo o que tenho de melhor e ainda posso ter,
Adeus, Mundo de Tinta.
Eu... realmente... te amei.

18 de dezembro de 2011

Garotas ricas roubam,
as bonitas mentem,
as espertas se fazem de burras
e as burras passam seus dias tentando ser tudo isso.
(PLL)

17 de dezembro de 2011

Por que insistimos em ignorar isso?

 -Ela nos fazia acreditar que segredos nos mantinham unidas.
 -Mantêm. Mas segredos são feitos para serem revelados um dia.

(PLL)

14 de dezembro de 2011

De InkDeath para InkDeath.

"Sabe o que a gente deseja quando ama tanto um livro a ponto de querer lê-lo de novo e de novo? [...] A gente tem vontade de fazer parte dele, o que mais seria?"

6 de dezembro de 2011

"Talvez seja a saudade a única ligação entre as coisas"

Não importa o quanto se ouça "Você cresceu". O traço do meu nascimento continuará em relevo no íntimo da minha mãe.
Não importa que tênhamos mudado, aquela casa ainda tem desenhos alegres do meu pai debaixo da tinta na parede.
Não importa que o travesseiro não me pertença mais ou que a fronha tenha sido lavada. Ainda há marcas de lágrimas forrando os sonhos que couberam ali.
Tanto faz base, corretivo ou pó. Sempre terei uma cicatriz no olho que lembrará a culpa.
Toda limpeza não tira da escova o fio cor de rosa que conta sua história aos outros castanhos.
Não importa as vidas depois da sua. Marcas sempre estarão lá, recontando, recontando...

26 de novembro de 2011

Lendo.

Gosto desse mundo mais do que soprar dandelions, mais que o barulho que os saltos dos sapatos fazem, mais que saber cantar junto, mais que descer a ladeira de bicicleta.
Eu amo tudo isso.

É um leque de dez opções onde dentro de cada opção existe mais dez.
Amo saber que de livro para livre existe só uma letra.

20 de novembro de 2011

Ela pratica o desapego...

Ela toma banho gelado para lembrar a si mesma que quase tudo em sua essência não é exatamente confortável, bom ou bonito.
Ela se olha insistentemente no espelho mesmo com vergonha, até encontrar algo que finalmente a agrade, ou pelo menos até se acostumar com tudo o que não tem.
Torturar-se a lembra constantemente que está viva.
E ela é forte.
Minha mãe é meio estranha. É que o jeito dela é esse, toda friona. No fim das contas somos iguais: práticas, sem lenga-lenga.
Sempre me choco quando ouço um colega dizer que não gosta de sua mãe. Como se fôssemos obrigados a gostar da figura. Também gosto de ser contrária. Mas nesse caso não é medo ou o peso de ter que ter orgulho da minha mãe, é apenas uma verdade que, de certa forma, tenho dificuldade de admitir.

Mas acho único os dias em que estamos só eu e ela e curtimos nossa feminilidade e poucas coisas que temos em comum. Quando ela me chama pra dormir na cama dela e me acorda logo cedo pra ter com quem conversar e bebericar café.

Acho engraçado como ela olha concentrada para a TV mas não tem ideia do que está passando e até quando me "confunde" com um menino. Ou então quando ela me manda calar a boca e voltar a ler meu livro e fica me oferecendo doce toda hora.
Eu já me peguei muito cansada na madrugada de sábado e mesmo assim deixando tudo limpo só para acordar bem cedo e vê-la passando roupa mais tranquila e também já usei os pincéis de maquiagem dela só por causa de seu cheiro.
Admiro a forma como foi a pessoa mais forte que já vi ao cuidar do câncer alheio e como cuidou de tudo e todos mesmo vendo sua própria mãe morrer nos seus braços.

Ela só está cansada, e acho que sou um tempo tarde demais para o que ela precisa aguentar.
Quando ela é a melhor mãe do mundo, sou a pior filha.
Eu gosto dessa distância entre a gente. Talvez se fôssemos mais próximas não existiria essa graça toda e sei que nós duas temos lados muito feios que não devem ser mostrados.
"Eu acho que... acho que ela realmente gosta de mim. E acho que eu gosto dela mais do que ela sabe, mais do que eu demonstro... Eu só queria não ser assim tão..."

18 de novembro de 2011

Sobre todos os índios sem cobertores

Ele sente fome.
Ele sente frio.
E o pior:
ele sente medo.

(Por todos que foram índios.)
(Para quem ainda é.)
E eu quis fazer diferente e comecei subir a escada sem olhar pra ela.
Mas logo senti vergonha do tombo que não levei.
Na verdade fiquei com vergonha dos risos que poderiam ser.

Não tardou fiquei com vergonha de ter tido vergonha,
de ter tido medo,
de ter sido igual por medo do que pensariam.

Quanta humilhação.

"O silêncio dos descobrimentos"

Seu rosto parecia angelical.
Quase apagado, sem graça.
Suas páginas faziam muito barulho.
Letras sabem falar.
Coube pena, coube origens, coube dois gatos.
Coube um amor e uma eterna esperança de 28 anos.
Coube vontades, um poço do vermelho, uma história onde não tinha história.
Coube a reinvenção de um Brasil inteiro.
Coube leituras das páginas tilintantes para dois garotos e risadas exageradas.
Coube minha avó e coube toda a saudade do mundo.
Engoli o livro num só dia.
Ele me chamou e me amou ao mesmo tempo que o amei incondicionalmente.
Eu o deixei com seu mundo feito de letras e traços.
Ele me deixou ir cheia de letras e traços no coração.
Ele está cheio de silêncio agora.
Eu estou cheia de descobertas.

11 de novembro de 2011

As Damas Brancas.
 -Elas chegarão logo, não é? -perguntou Meggie preocupada. -Virão buscar Farid.
Mas Dedo Empoeirado sacudiu a cabeça, e pela primeira vez ele sorriu, o sorriso misterioso e triste que Meggie só conhecia nele e que ela nunca havia entendido completamente.

(Inkspell)

"Sabe, acredito que um livro sempre guarda algo de seu dono entre as páginas."

Eu também, Cornelia. Eu também.

8 de novembro de 2011

"O mundo é um diretor de colégio que pune nossos erros. Não estou falando de Jesus nem sendo místico. É mais como quando você vive tropeçando num degrau oculto, dia após dia, até finalmente entender: cuidado com esse degrau! Tudo que a gente tem de errado, se somos egoístas demais, ou mansinhos demais, ou qualquer coisa demais, é sempre um degrau oculto. Ou você sofre as consequências de nunca perceber o erro ou, um belo dia, você percebe e o corrige. Mas o engraçado é que depois de você botar na cabeça que aquele degrau oculto existe e pensar mais uma vez Ei, no fim das contas a vida não é uma merda tão grande, BUM! Você sai rolando por uma nova escadaria de degraus ocultos.

Sempre existem outros."

5 de novembro de 2011

Você não viu o que viu.
Você viu o que quis ver.
(Joana D'arc, Luc Besson)


Todos fazem isso.
É isso que temo, é isso que evito.
Nesses tempos não há nada mais importante que a razão.

2 de novembro de 2011

O caminho da natureza ou da graça.

Justo eu, quem mais sentia que meu favorito era fonte inesgotável de inspiração.
Onde te abandonei? Quando foi que passei a ter medo e preguiça de ti?
Eu sei onde começou e não sei onde foi perdendo a leveza do vestido roubado...
Quando a consciência do "errado" nos impulsionou a escondê-lo para sempre?


Justo eu, quem mais dizia que sempre volta para você. Agora tento provar o contrário e, pior, levar mais gente.
Onde perdi minha fé?
(Como faço para encontrá-la mesmo?
Pra que, se de nada me importa?)
Só não quero ter medo de um deus que.
Respeito vem com teco de medo. Do contrário se torna outra coisa.

Feito algo ruim é porque lhe interessa. Mesmo que pague por isso, terá ganhado de um lado.
A desgraça também recai sobre os bons.
Então... Por que essa paranoia doentia de sempre acertar?

31 de outubro de 2011

A vontade de colocá-los numa caixinha e cuidar para sempre, sempre volta...

É só uma coisa que não se lerá, coisa que eu não ousaria dizer.
Sou parte pequena de um todo muito grande, mas ainda sou.
O que tenho de vocês não se divide, em parte por egoísmo, outra por um amor inventado.
(É bonito por isso? É tão forte por não ser, de fato? E se um dia calhar de ser?)
Então sintam mais um afago já feito por outros, preciso muito fazê-lo também, mesmo sem sua real consciência.
Sentem como destrói?
Não?
Imaginei.

My Brutal Romance
My Beautiful Romance
My Miserable Romance
My X-rated Romance
My Harlequin Romance
My Innocent Romance
My Stupid Romance

My Chemical Romance

29 de outubro de 2011

Gosto dos livros novos, mas amo sobretudo os livros usados: eles carregam consigo a sua própria história; possuí-los é quase como se apoderar de uma outra vida.

Rafael Lotério

24 de outubro de 2011

Prender um coração saltimbanco?

Não nos pressione, não nos prenda, não nos toque por muito tempo. Mude, conte-nos histórias novas, nos conquiste de novo, de novo e de novo. Dê mais de um único motivo. Só fico na mesma cidade se muito me interessar.

Só me prendo sabendo que nos fundos há uma porta aberta para escapar caso o ambiente me sufoque.
(Quantas vezes já não entrei pela própria porta de fundo...)

Alma cigana.
Sem futuro na estrada, esperanças exageradas nos olhos.
Jovem.
Saltimbanco.
Nascida no início do ciclo de solstício de inverno ao norte. Fria? Racional? Ou só atenta?

23 de outubro de 2011

Não era má personagem, não, realmente não. Um cão sanguinário, mas, afinal de contas, os vilões é que dão todo o tempero ao prato da história.
Inkspell

20 de outubro de 2011

É tão difícil respeitar quem te permite falar e aliviar suas dores? O que você seria sem palavras?

Juro que não falaria sobre isso, mas ver e não fazer nada é sempre pior (ou não). Antes de tudo, é preciso dizer que não espero que mudem. Suas palavras desacreditadas mataram o que temos de mais importante: a esperança. Mas em vocês mesmos.
Se vocês mesmos não quiserem se salvar, ninguém mais fará isso, sinceramente. As brincadeiras sobre o egocentrismo são mais sinceras que pensamos. De todas as partes.

É apenas um recado. As palavras não são isso que vocês fazem delas. Claro que são livres e são de todos que ousam aprendê-las, e mais, se aventurar nelas. Mas personagens ganham vida ao passo que são lidos, são como filhos para quem os ama e respeita de verdade.
Se não há solução para um que você criou, perdão, não há solução para você mesmo. Não há maturidade suficiente aí dentro para resolver isso? Duvido.
Matar um personagem e tirar dele algo que resolveu dar é interessante às vezes, mas não assim. Não desse jeito. Não com essa intenção. (Morrer é natural, assassinar assim é maçante, não só um crime contra a vida)
Não sei se é porque amo as histórias demais a ponto de não entendê-los...
É só um pedido que não será atendido: parem de sufocar palavras. Elas não são isso. Elas são parte de algo muito maior, com um significado muito maior do que o curto espaço entre letras permite ver, são um amor muito maior.
Respeitar seu privilégio humano e quem permite você conseguir exprimir é um passo.
O dom de criar histórias já é magia. Usar ela contra si mesmo é o quê?

15 de outubro de 2011

a maioria das inspirações vivem em pixels.
pelo menos as que juram ser pessoas.
Penso que a partir do momento que conseguimos controlar nossos instintos, somos humanos. Pensar é humano. Conviver em sociedade e suas características nos torna humanos. E, claro, sentir (sim, porque responder a estímulos e interpretar emoções são coisas diferentes). Céus, por que evitar sentimentos?
O que há de errado com demonstrar, o mínimo que seja? Não importa se são "maus" sentimentos (de onde saiu isso?). Sentimento é fraqueza?

"Não lemos e escrevemos poesia porque é bonitinho.
Lemos e escrevemos poesia porque somos humanos e o ser humano está repleto de paixão.
E medicina, advocacia, administração e engenharia são objetivos nobres e necessários para manter-se vivo.
Mas a poesia, beleza, romance, amor… é para isso que vivemos."
(Sociedade dos Poetas Mortos)

10 de outubro de 2011

Ereny Rodrigues Saonetti.

Uma vela.
Pelo aniversário que tu não fez.
Pelo sono que te levou.

Uma vela queimando no meu quarto
pelo susto na madrugada com a notícia da tua morte.
Bem aqui.

Um minuto de silêncio.
Pela promessa que não consegui cumprir pra ti por falta de amor.
Pela promessa que tu não me cumpriu por falta de saúde.

Uma vela. Por um Jesus nunca vivo em mim.
Pela santa que tu tentou ser.
Pela religiosidade que tentaste ensinar e nós nunca aprendemos nessa casa.

Um minuto de silêncio.
Em oração por tua (c)alma.
Por teus 73 anos nunca completos.

Uma vela.
Do jeito que tu ensinou. Por respeito.
Por nossos erros. Pela luz que quero que tu junte à alma.

Um minuto de silêncio. Por tuas histórias sofridas.
Pelo teu filho e teu neto
mortos na estrada. Juntos, enfim.

Uma vela.
Uma vela. Um sopro.
"Boa noite, vó."
O que a gente faz com um sonho quando ele se realiza?
Como tratar aquele grande desejo quando ele deixa de ser inalcançável para ser parte dos teus dias como...
real?
Tem coisa que não muda. Essa cidade é muito grande para fechar ciclos?
Ele ainda sabe mais de mim do que eu nunca saberei.
Eu ainda escondo muita coisa dele.
Ela ainda repete atos.
Eu corro de qualquer coisa que lembre amor.
Ela faz uma bagunça danada.
Eu ainda faço qualquer coisa para ela não saber e eu matar isso para sempre.
Ele faz um barulho desgraçado e
eu ainda fico brava e termino no quarto estourando tímpanos, venerando gente do longe.
Percebi que escrevo e não falo de mim.
Eu nunca falei de mim pra eles.
Mateus sabe.
"Eu não entendo sua cabeça". "Você deveria se expressar mais".
Eles se expressam, choram, declaram amor, amizade, dedicam músicas.
Eu não. Não completamente.
Eu nunca contei uma verdade inteira pra ninguém daqui.
Fecha o olho e sonha que está no teu lugar.                                                           Que venha o próximo.

A marca em Berlim que dividiu o mundo te divide daqui.

Longe da minha idade, de qualquer compreensão minha.
Tu estás longe do meu país, do meu continente.
Tu estás tingindo tua pele mesmo que somente eu esteja num país tropical.
Você disse que estar perto não é físico e agora tuas lentes imitam em pixels os teus traços.
Mas é físico. Não há pele de cão no meu hemisfério.
Fronteiras existem, fazem sentido, delimitam sentimentos.
Você só existe nos meus olhos. Você existe em cada parte de si mesmo.
L   o   n   g   e   .

6 de outubro de 2011

Por mais que teu argumento seja bom, hoje resolvi que não terei ódio das palavras.

"Nos livros encontro os mortos como se estivessem vivos,
nos livros vejo o que está por vir.
Tudo se deteriora e desaparece com o tempo,
toda a glória cairia no esquecimento
se deus não tivesse dado aos mortais o recurso dos livros."

Richard de Bury, citado por Alberto Manguel


(Mo, Inkheart)

4 de outubro de 2011

Corpo de papel, sangue de tinta.

"Pensando bem, talvez ela fosse semelhante a ele: o lar dela também consistia em papel e tinta de impressão. Talvez ela se sentisse tão estranha quanto ele no mundo real".

Inkheart

Por Elinor.

"O mundo era terrível, cruel, impiedoso, negro como um sonho mau. Não havia um lugar para viver. Os livros eram o único lugar onde havia compaixão, consolo, alegria... e amor. Os livros amavam a todos que os abriam, ofereciam proteção e amizade sem exigir nada em troca, e nunca iam embora, nunca, mesmo quando não eram bem tratados. [...] As palavras são imortais... a não ser que venha alguém e ponha fogo nelas. E mesmo assim..."

Inkheart, Conelia Funke

2 de outubro de 2011

Mais um sobre esperar para sempre.

A emoção leva a gente pro buraco, ele disse.

Tarefas acumulam esquecimentos. Tempo acumula desgastes.
Talvez seja ingratidão, talvez seja o que chamam de continuar.
Até a ansiedade cansou de esperar, acho que porque nossa alma aprendeu que expectativa é decepção.
Se guardar de explosões antecipadas talvez seja indelicadeza, mas sabemos que será mais real se deixar para ser forte na hora da novidade.

Foi a coisa mais forte naquele tempo. E varreu tudo de tal forma que nada mais é suficiente.

Tenho tido uma sensação de que tudo se repete, por mais que eu busque coisas novas. É tudo enganação.
Um sentimento de urgência é tão violento que quase dói no rosto.
Existe vergonha quando leio outras coisas, mais vergonha ainda quando percebo que conseguem sobre mim o que não consigo sobre mim mesma. Fazer isso tudo não faz sentido, e quando penso que talvez faça para eles, sinto a urgência de perceber que não estou no lugar certo. Como a gente se põe no lugar se não sabe onde ele é?
Outras cabeças pensam coisas que a gente jamais imaginaria ou ousaria.
Sinto-me incomodada com tudo e quando penso incomoda mais. Sentir essas coisas que nunca se sentiu é ardido, violento, urgente, cansativo.
Nos suga palavras (o que irrita até a pessoa no fundo da tua cabeça que sempre te impede de tentar, que chamo de Razão) e marca o que depois será lembrado como adolescência. Como cutucar minha zona de conforto? O que é realmente provocador?
Fazer coisas em silêncio me dão medo quando percebo que estou por um fio.
Talvez eu também tenha necessidade de ser aceita, ser motivo de orgulho pelo menos uma vez ou ser admirada (o que, quando se trata dele, exige um esforço muito maior. O que, quando se trata dela, é possivelmente impossível).
Mais uma vez essa vergonha que me violenta e jamais será presa. Todos fazemos coisas para os outros verem. Sozinho a gente percebe que não faz as coisas daquele jeito cotidiano mesmo e isso implica no susto, no medo e na fuga. Faço coisas que se pensar comigo e só comigo, não faria.
As coleções mostram apenas que o tempo está passando e eu não sou velha pra perceber isso. Tempo é relativo.
Há tempos não ia dormir triste.
Há dois dias percebi que não é tão fácil alcançá-lo. Ontem percebi que nossa diferença é marcada não pelo o que, e sim pelo como e é nisso que eles veem beleza. Percebi que tem quem ria da gente sem mostrar os dentes, quem duvide sem ironias. O ônibus me levaria até o ponto final sem que eu visse e eu estaria longe de casa sem sentir, se não fosse o garoto da camiseta verde. Talvez eles digam a verdade que por enquanto não faz sentido: quando você acorda, o teu tempo já passou.

1 de outubro de 2011

Então nós lutamos através do sofrimento
e nós choramos e choramos e choramos e choramos
e nós vivemos
e nós aprendemos
e nós tentamos e tentamos e tentamos e tentamos.
J.B.
A certa altura, ouvi a porta de Lily se abrir, seus passos pelo corredor, mas rapidamente apaguei as luzes e fiquei em silêncio. Haviam sido 15 horas seguidas falando, não conseguiria falar mais.
(L.W., O Diabo Veste Prada)

E a gente sempre precisa arrumar tempo para se desculpar, Andy... todos os dias.
:/

26 de setembro de 2011

Uma história, um romance, um conto -

essas coisas assemelham-se a seres vivos, e talvez o sejam de fato. Elas têm sua cabeça, suas pernas, sua circulação sanguínea e sua roupa, como pessoas de verdade.

Erich Kästner

20 de setembro de 2011

Sono eterno perto das minhas estrelas de plástico.

Sempre que vou dormir, me imagino como um outro animal. Me imagino dormindo. Dormindo pra sempre... É espantoso como essa imagem e quase sensação de saudade do que não existe me agrada todas as vezes.

Talvez seja imaginação.
Talvez seja um desejo muito profundo.
Talvez seja sono e cansaço.
Talvez seja preguiça. A pior delas é a preguiça de pessoas.

Só tem graça porque é novidade.

Tem gente que não te lê mais. Eu quis tanto ser tudo isso que não tem mais graça. Eu quis tanto ser como ela que não sou nem eu, nem ela. Eu queria que tu entendesse que me tornei o que queria que tu visse. E foi tudo pra você e vai continuar sendo, por mais cansativo que seja pros dois. Eu resolvi me eternizar por sua causa. Você jurou ter pilares definidos e se permitiu ser o meu, mas e agora? Você só é um perdido tentando ser o que não é, tanto que agora é.

Eu sei, cada vez mais, que me recuso ser como sou: cada detalhe meu eu fiz questão de matar. E isso tem refletido nesses 13 meses. Eles me conheceram de novo. Quem sabe ele tenha se aproximado por eu ser novidade. Quem sabe ela continua apaixonada por eu sempre ser uma novidade.
Acho que você terminou e já perdeu a linha e quer me levar junto, pra que o buraco seja menos calado.

Tenho prestado mais atenção na aula de filosofia talvez por concordar com um amor inventado por Platão. É sempre mais bonito se não é real. É sempre novidade. Ou por querer matar perguntas. Ou tentar entender por que um mero moleque resolveu ir embora. Ele foi e nunca mais vai ser. Ele morreu jovem, então sempre vai ser dentro de qualquer olho. E sua voz eternizada sempre vai ser novidade. Feito Kurt Cobain...

Meus livros. E os livros que não são inteiramente meus. Tenho dado exemplos errados com argumentos egoístas e não sei me sentir culpada. Pensar em si mesmo não é egoísmo, afinal. Ela me ensina a competir porque estamos todos sozinhos, e a ensino mentiras. Eu ensino história. E também ensino roubo pra ele; ele me ensina a pensar em mim, cada vez mais.

Mas tudo precisa ser novidade. Eu me mato sempre porque preciso que seja novo outra vez. A morte é sempre novidade. Todas minhas fases são novidades. Isso é redescobrir?
No seu buraco não tem morte. Vai viver no escuro sozinho. Quero morrer pra sempre.

10 de setembro de 2011

Pelos consertos e concertos.

Eu jurei não deixar isso me abalar. Ainda mais hoje, eu sei.
Ainda não aceito e finjo não ver.
Sei que sabem exatamente como destrói, e seria egoísmo dizer que só eu sinto. Pra vocês é bem pior.
Só... parecia tão certo... Depois ficou desconcertado, em todos os sentidos possíveis.
Eu consegui entender. Consegui perdoar, talvez pelo fato de sempre ter sentido que não era o lugar dele.

"O show deve continuar", ele disse.

Quantos, meu deus, precisarão ir embora?

9 de setembro de 2011

- Às vezes eu acho que foi tudo uma grande mentira, ou só engano.
- Nenhuma mentira vive por tanto tempo. Ainda mais com tanta gente tentando provar o contrário sempre.
- De qualquer forma, eu não consigo acreditar...
- Prefiro acreditar a viver vazio.

7 de setembro de 2011

Pela tradução que ela me dedicou quando quem ia embora era eu.

Agora tudo é cobrado. Professores são pressionados a nos pressionar. Todos os anos é nessa época que fica pior, eu dou um jeito de sumir e dou importância demais no que daqui quatro meses não fará sentido. Levo a semana toda esperando por uma sexta-feira, alguns sábados e todos os domingos. Tenho ouvido Arctic Monkeys e sonhado com pessoas distantes de corpo e coração. Tenho estado nervosa com prazos, datas, chegadas, idas. Dormir virou segundo plano e todas minhas vontades e ideias terceiro, quem sabe quarto.
Ele viu que o que era bom de repente vira obrigação. Mas ele sabe que no fundo gosta. Se não gostasse, iria embora sem mais. Feito Ulisses. E se me deixasse feito Thereza?
Tenho esperado tanto por shows que até perdeu a graça. Perdi as contas.
Às vezes acho que faltou minha fé. Só a minha. Culpa hoje é só esse gosto de dois corpos mortos nessa casa.
Hoje é aniversário do Tom. Aniversários me constrangem demais. Eu só queria poder dizer um dia pra ele o quanto o que ele diz me faz diferença, independentemente de quantos sete de setembro existirem.
Se não doesse, ninguém voltaria.
E cada vez mais, esse telefone me irrita.

Coisas que se observa e ninguém em volta dá sinal de ver.

E sobre a tendência a se defender?
Essa coisa de procurar desesperadamente se defender a qualquer custo, buscar um argumento a seu favor mesmo sabendo que você está errado.
E essa coisa de procurar apoio nos outros, pelo menos pra afiar seu pensamento, sentir não estar sozinho, dizer o que não se diz, pelo menos para ter quem concorde?

Quando você cansa e não se defende, ou é o otário, inferior ou o ignorante incapaz de ver o tamanho da situação.

29 de agosto de 2011

Sobre fim de mês, recomeço de família e calor.

Uma noite quente que reuniu mães e filhos em jogos na mesa do lado de fora, primos na rede, divisão de comida gostosa. Contar estrelas brincando de fazer mapas entre elas. Bermudas, shorts curtos, pele, Brasil. Regar as plantas, regar a pele e rir da água rosa que desceu. Beijar o focinho molhado de quem sempre está com a gente. Enrolar do lado de fora para evitar de terminar um dia que será lembrado como noite.

Noite quente que vem com brisa que traz a saudade da família que era naquela praia, aquelas férias, sal no cabelo, areia na bunda e no sabonete.

Noites quentes guardam esse carinho não só porque sopram lembranças do que foi feliz, mas porque trazem novas felicidades.

26 de agosto de 2011

Antes uma pressa terrível para crescer. Foram se adiantando.

Agora somos só mais uma geração cansada de crescer tão rápido.

25 de agosto de 2011

Nada nos faz acreditar mais do que o medo, a certeza de estarmos ameaçados. Quando nos sentimos vítimas, todas as nossas ações e crenças são legitimadas, por mais questionáveis que sejam. Os nossos opositores, ou simplesmente os nossos vizinhos, deixam de estar ao nosso nível e transformam-se em inimigos. Deixamos de ser agressores para nos convertermos em defensores. A inveja, a cobiça ou o ressentimento que nos movem ficam santificados, porque pensamos que agimos em defesa própria. O mal, a ameaça, está sempre no outro. O primeiro passo para acreditar apaixonadamente é o medo. O medo de perdermos a nossa identidade, a nossa vida, a nossa condição ou as nossas crenças. O medo é a pólvora e o ódio o rastilho. O dogma, em última instância, é apenas um fósforo aceso.

Carlos Ruiz Zafón

24 de agosto de 2011

Mesmo dizendo que não haviam motivos pra se importar, eu me importei.

Confesso, fiquei muito chateada. Eu esperava gratidão, consideração ou, no mínimo, respeito. Mas acho que o respeito começou dentro de vocês. Então, obrigada por fazerem desse dia especial. Sem um sequer.

Quem fez questão estava. E não, não estava faltando ninguém.
Apenas uma pessoa, que tenho certeza que acordou pensando nele e quis, o tempo todo, estar lá para uma valsa de 16 anos.
Ela estava.
"Estar perto não é físico".

Quem se importou de verdade fez questão. E ele estava feliz (então pronto).
Porque hoje ele foi a pessoa mais importante de nossas vidas. Da minha. Então pronto.

22 de agosto de 2011

Se eu me quiser, não posso responder. Sobre palavras que não aguardo.

Aquele momento complicado entre passado quase magoado e perdão. Aquele momento cujo se é obrigado a pensar em tudo de novo, mesmo que não se goste, se quiser perdoar.
Cansa.
Aquele relativismo insistente que é preciso adotar.
E tudo é relativo... Tudo é relativo...(?)

Talvez eu acorde mais leve, sabendo que consegui. Talvez não seja dessa vez e eu perceba que ainda não é tempo de desculpar nenhum dos dois.

Perdão sempre foi devagar. É raro e bom quando acontece.

19 de agosto de 2011

um te amo meio torto

Mesmo que não faça sentido pra ninguém mais, é no "melhor abraço do mundo" que eu também sei do mundo acontecendo em volta dele, mas tudo parado no espaço quase inexistente entre nós, esse que a gente tenta suprir. E paramos o tempo, as pessoas, nossa voz, nossa respiração no ritmo das pulsações que juramos também parar.
E mesmo que pra você talvez eu não lembre mais, sempre vai ter essa coisa que me faz voltar sempre. Eu esperei até agora. Esperaria pra sempre. Ninguém compreende; e eu simplesmente sei.

Agora só morra até aprender a se amar suficientemente para se salvar.
E deixa eu ir embora quantas vezes eu precisar. Eu só preciso ser o mundo antes de voltar pra casa.

18 de agosto de 2011

Seus olhos carregando paixões, meu coração carregando crimes.
Tua boca dizendo poesia, meus lábios selando um silêncio sem complementos.
Nosso segredo nunca mais será completo.
E a verdade é um cobertor que nunca vai te cobrir por inteiro.

13 de agosto de 2011

Minha mãe disse que de todos, quem mais vai sentir sou eu.

Nosso filme diz que "nossas digitais não se apagam das vidas que tocamos". 

Por todo esse tempo eu fui egoísta. Eu achava que tudo seria meu pra sempre, que se entrou na minha vida, era pra ficar. Eu perdi uma vez; eu fui embora. E sei que não aprendi.
Agora veio tudo de uma vez: ele foi embora por culpa dela. Ela, por culpa dele. E agora que perdi mais um hoje, acho que aprendi a perder. Acho que já entendi que viver é um eterno morrer. Partidas doem tanto porque arrancam um pedaço de você para o outro levar.

Foi por você, há três meses, que eu rezei pela primeira vez esse ano. Pra pedir pra qualquer força que pudesse me escutar pra adiar o que vi hoje. E acho que concordo com minha mãe. Porque eu acendi uma vela. Por todas as promessas não cumpridas. Pela viela que viu uma amizade desenvolver e uma rua comprida que nos levou pra escola e te viu comigo todos os dias. Por um par de óculos escuros que tentou esconder um adeus ardido.

A música da minha banda favorita que tanto inspirou você no meu quarto agora é sua...
"Eu só espero que você saiba 
que se você disser adeus hoje
eu pediria que você fosse sincera
pois a parte mais difícil disso
é deixar você"

Erika, de todas as vezes que voltei sem meus amigos pra casa, essa foi a que voltei mais sozinha.

8 de agosto de 2011

Você é uma velocidade que eu não sei suportar. Aquilo que meus pulmões nunca vão acompanhar. Seus passos não são os meus.

Eu gostava de quando você sentava do meu lado pra falar de nós e mandava todo mundo que queria se aproximar ir embora.
Eu acho que isso acontece desde sempre. Desde que você chegou.
Talvez eu goste tanto de te ver porque gosto do impossível.

Sua foto lembra algo como saudade.
Seu sorriso, agora com os dentes não mais engaiolados, é cada vez mais bonito, e lembra algo como vontade.

Esse é meu segredo com o mundo: só você nunca vai saber o que faz comigo, como chorei do lado da tua casa quando me deixou pela primeira vez e como dá uma coisa estranha quando finjo que não ligo. Quando lembro de quando você voltou pra me lembrar de como era, que você ainda estava ali e impossível, como sempre. Pra me fazer olhar pro machucado de novo.
Voltou pra fazer sentir o que quase foi.
Depois ir embora sem satisfação; sem desculpas; sem mim.

2 de agosto de 2011

Bem-vindos de volta.

Foi pouco, mas sinto que foi suficiente. Passou (passou?) pouco no relógio, mas em mim passou demais.
E dos limites.

Não sei o que me levou a pensar que seria diferente dessa vez, que as pessoas seriam diferentes como eu, ou que eu não me importaria. Achei mesmo que isso tinha passado, cansado, ou que eu estava mais forte. Eu podia jurar que essa paranoia não era mais eu.
Eu achei mesmo que seria melhor. Pelo menos um pouquinho...

Voltar deveria ser doce, com gosto de missão cumprida.
Voltar é um peso necessário seguido de vontade de permanecer e nunca ter. Nunca precisar.

Chatear-se é só uma questão de 50 minutos.

Ficar é uma angústia pulsante, ir é motivo constante de mágoa.
Nos ensinaram a não revidar. Engolir, engolir.
Sempre voltamos mais cansados e com os sonhos mais pisados.
E todos os dias nos atacam pães e o pedaço fica mais dificil de engolir. Engolir, engolir.
Obrigada, hoje estou cheia.

"baby, don't talk to me, i'm trying to let go"

1 de agosto de 2011

"Não é a dificuldade que te vence. É a tua vontade."
Prof Rodolfo

(Tudo pra não desistir de um problema de matemática...)

28 de julho de 2011

gosto até quando ele acaba comigo...

- Eu só não entendo...
- É que você cresceu sem regras. As regras existem há muito tempo e permanecem vivas porque há muito tempo dão certo. Você cresceu sem limites e acha que o mundo todo é errado só por causa das coisas que pensa. É por isso que você não entende.

Lóri,

eu também estou tentando arrumar minha pintura nos olhos e minhas maçãs na fruteira.
Mas tudo que eu arrumo, bagunça outra coisa.
Toda hora nossa bagunça tá diferente.

27 de julho de 2011

"A verdade é que estou uma bagunça. Por dentro e por fora" (C.L.)

Tanto barulho, chega a calmaria.
Precisamos nos recuperar da bagunça. Do quarto, da pia, do banheiro. Das roupas, da minha maquiagem borrada, dos cabelos e da cabeça. Das "palavras mal ditas e malditas". De nós. Da morte dela e a bagunça no quintal e no coração da minha mãe que isso causou, e também da bagunça das lembranças que o pequeno papel vem trazendo. Da bagunça no estômago e no útero. Da bagunça dos amigos, das mentiras, das escavações à alma que preciso fazer.

E depois disso tudo, o que preciso, quero, devo e farei.

22 de julho de 2011

Acho que a gente sempre aguenta firme porque esperamos por um único dia. O famoso dia em que "tudo vai valer a pena".

E acho que tenho sorte de saber bem que dia é esse. Nem todo mundo sabe por que não acaba com tudo.

Sempre estou fazendo uma coisa quando, na verdade, era pra estar fazendo outra. Sempre. Mesmo que esteja no lugar que preciso estar.
Acho que só vai ter um dia em que vou ter certeza que estarei no lugar certo de verdade.

Mas e depois?
Depois...
vou ter que sonhar com outra coisa, arrumar outra coisa pra esperar pra sempre e ter outro motivo pra levar...

20 de julho de 2011

Viver mata

E eu olhando da minha pequena ampulheta pros relógios pra descobrir quanto tempo o tempo tem.
Sem sentir, sem perceber, que também estou envelhecendo sempre que a tela muda a iluminação pra mudar o número, o ponteiro vira e um conjunto de grãos coloridos cai.
Vai passar em qualquer um deles.
E você não vai enganar o tempo mesmo se voltar o ponteiro ou virar a ampulheta.
 
Eu também estou passando.
Eu também estou morrendo.

18 de julho de 2011

15 de julho de 2011

é, eu acho que eu amo você.

Toda vez que tu faz a barba te lembra de mim.
Pois hoje sangue que me escorria às pernas só faltou gritar teu nome.
(Cor que parece mergulhar nos olhos, a lesão que nem tinha forma parecia de...)

Sangue quente contra água fria.
insistia sair.
levava embora.

Agora o corte é mais perfeito, e se toca ainda dói. Quem se importa?

Importa é que não importa.

Quanta chuva querer levar meu sangue embora, meu corpo sempre vai lutar pra mantê-lo.
E nem todo mundo sabe disso.

12 de julho de 2011

E minha biblioteca favorita se reabriu.

Seus filhos implorando por meus olhos;
quase os arranco, pois.
Mesmo que não possam ouvir
quase peço desculpas
por não poder despertar
cada um deles
do sono que eu também dormi.

11 de julho de 2011

ela a beijou com cuidado, como se pudesse quebrá-la.
quando percebeu que era correspondida, bastou.
sentiu-se parte de um passado que nunca quis viver.

10 de julho de 2011

sobre a mania de esconder meus papéis

"Se eu vejo um papel qualquer no chão


Tremo, corro e apanho pra esconder


Com medo de ter sido uma anotação que eu fiz


Que não se possa ler


E eu gosto de escrever, mas...


Mas eu sinto medo!"

Clarice sabia como é.

E agora a angústia vinha porque de novo descobria que precisava de Ulisses, o que a desesperava - queria poder continuar a vê-lo, mas sem precisar tão violentamente dele.

(Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres)

9 de julho de 2011

7 de julho de 2011

"Concluí que os atores eram diferentes de nós. Tinham seus próprios motivos. Vocês sabem, quando se passa muitas horas, muitos anos fingindo ser uma pessoa que não se é, bom, isso pode nos causar alguma coisa. Já é duro bastante tentar ser a gente mesmo. Pensem em tentar muito ser alguém que não se é. E depois ser outra pessoa que tampouco se é. E depois outra. A principio pode ser emocionante. Mas depois de algum tempo, depois de ser doze outras pessoas, talvez seja difícil lembrar quem é mesmo, especialmente se a gente teve de compor as próprias falas. "



Bukowski

6 de julho de 2011

eu parti de mim mesmo

E agora to com medo de nós cinco. A gente tá levando isso porque tá forçado. A gente tá se negando a ver uma coisa que não é mais, não existe. Lembra como era há um ano? Não era mais intenso, verdadeiro, sem brigas? Certo, até as brigas tinham sentido.
A gente mudou demais, chega de querer retornar, fazer ser de novo, porque não é mais.

Ela já não ri de tudo, talvez porque percebeu que nem tudo na vida é engraçado mesmo. Ele já sacou que é um viciado. A menina já percebeu que tudo fica difícil mesmo, e sofre por isso, por perceber que também tem preconceitos, principalmente quando eles estão dentro da tua casa, do teu grupo de amigos. Às vezes me culpo por isso, por que eu fiz ela enxergar. Ele resolveu ir prum caminho bom de um jeito ruim. E tá acabando com as relações, reclamando disso, sem perceber que ele mesmo tá causando. Ela não quer mais sair, inventa um monte de coisa sem noção pra se esconder. Tá cansando.
Tanto faz eu nunca querer dizer o por quê, porque vocês também me negaram vários deles.
A gente já sacou que depois de curtir pra caramba tem a parte foda.

A gente fala de coisas trágicas como aviso, mas a gente não quer ver que tá dentro da nossa cabeça mesmo que a gente tenha medo. E tá tudo diferente, a gente tá junto por convivência, por obrigação, talvez e por responsabilidade. A gente tá sozinho. Se vocês não se mancaram ou se não acontece com vocês... é só comigo. Não sei se vocês também choram sempre que percebem que tá tudo perdido mesmo, que estamos diferentes, e sentem vergonha disso.

Estamos muito ocupados com nossos próprios pensamentos que explodem na gente o tempo todo pra pensar nos outros, e sentimentalismo não cola mais.

Isso é crescer?
Que bosta.

4 de julho de 2011

Aos 15 anos, tudo é infinito

"Se eu pudesse contar as lágrimas que chorei na véspera e na manhã, somaria mais que todas as vertidas desde Adão e Eva. Há nisto alguma exageração; mas é bom ser enfático, uma ou outra vez, para compensar este escrúpulo de exatidão que me aflinge. Entretanto, se eu me ativer só à lembrança da sensação, não fico longe da verdade; aos quinze anos, tudo é infinito."
Machado de Assis, Dom Casmurro

Pois é, Bentinho é um dos poucos que não se esqueceram disso.

"agonia", lembra?

Sinto o mundo de forma completamente nova e diferente quando consigo cavar um pouco mais da tua alma. Como se fosse tudo o que eu quero que a minha seja.

Já me perdi dentro de você, foi bom. Teve gosto de neblina, de fotografia, da rua Augusta, do teu apartamento, de livros que não via a hora de ler.
Já te evitei de tantas formas, também... E não teve gosto de independência, como devia ter. Tinha gosto de mim; e era sem graça.

Fato é que não tenho mais minha vida.

Fato é que toda vez que você deixa eu retornar pro teu mundo, ela está lá, em tudo. Por mais que você negue, eu tô vendo. Ela faz parte da tua realidade e das tuas saudades, e quiçá das tuas inspirações!
Ela tem o meu mundo... mas eu não quero que ela faça parte de mim, mesmo sendo (boa) parte de você.

Meu pai disse um dia que ciúme é amargo demais pro coração, tanto que e a gente saliva, saliva...


Eu acho que estou babando ciúme.