31 de outubro de 2011

A vontade de colocá-los numa caixinha e cuidar para sempre, sempre volta...

É só uma coisa que não se lerá, coisa que eu não ousaria dizer.
Sou parte pequena de um todo muito grande, mas ainda sou.
O que tenho de vocês não se divide, em parte por egoísmo, outra por um amor inventado.
(É bonito por isso? É tão forte por não ser, de fato? E se um dia calhar de ser?)
Então sintam mais um afago já feito por outros, preciso muito fazê-lo também, mesmo sem sua real consciência.
Sentem como destrói?
Não?
Imaginei.

My Brutal Romance
My Beautiful Romance
My Miserable Romance
My X-rated Romance
My Harlequin Romance
My Innocent Romance
My Stupid Romance

My Chemical Romance

29 de outubro de 2011

Gosto dos livros novos, mas amo sobretudo os livros usados: eles carregam consigo a sua própria história; possuí-los é quase como se apoderar de uma outra vida.

Rafael Lotério

24 de outubro de 2011

Prender um coração saltimbanco?

Não nos pressione, não nos prenda, não nos toque por muito tempo. Mude, conte-nos histórias novas, nos conquiste de novo, de novo e de novo. Dê mais de um único motivo. Só fico na mesma cidade se muito me interessar.

Só me prendo sabendo que nos fundos há uma porta aberta para escapar caso o ambiente me sufoque.
(Quantas vezes já não entrei pela própria porta de fundo...)

Alma cigana.
Sem futuro na estrada, esperanças exageradas nos olhos.
Jovem.
Saltimbanco.
Nascida no início do ciclo de solstício de inverno ao norte. Fria? Racional? Ou só atenta?

23 de outubro de 2011

Não era má personagem, não, realmente não. Um cão sanguinário, mas, afinal de contas, os vilões é que dão todo o tempero ao prato da história.
Inkspell

20 de outubro de 2011

É tão difícil respeitar quem te permite falar e aliviar suas dores? O que você seria sem palavras?

Juro que não falaria sobre isso, mas ver e não fazer nada é sempre pior (ou não). Antes de tudo, é preciso dizer que não espero que mudem. Suas palavras desacreditadas mataram o que temos de mais importante: a esperança. Mas em vocês mesmos.
Se vocês mesmos não quiserem se salvar, ninguém mais fará isso, sinceramente. As brincadeiras sobre o egocentrismo são mais sinceras que pensamos. De todas as partes.

É apenas um recado. As palavras não são isso que vocês fazem delas. Claro que são livres e são de todos que ousam aprendê-las, e mais, se aventurar nelas. Mas personagens ganham vida ao passo que são lidos, são como filhos para quem os ama e respeita de verdade.
Se não há solução para um que você criou, perdão, não há solução para você mesmo. Não há maturidade suficiente aí dentro para resolver isso? Duvido.
Matar um personagem e tirar dele algo que resolveu dar é interessante às vezes, mas não assim. Não desse jeito. Não com essa intenção. (Morrer é natural, assassinar assim é maçante, não só um crime contra a vida)
Não sei se é porque amo as histórias demais a ponto de não entendê-los...
É só um pedido que não será atendido: parem de sufocar palavras. Elas não são isso. Elas são parte de algo muito maior, com um significado muito maior do que o curto espaço entre letras permite ver, são um amor muito maior.
Respeitar seu privilégio humano e quem permite você conseguir exprimir é um passo.
O dom de criar histórias já é magia. Usar ela contra si mesmo é o quê?

15 de outubro de 2011

a maioria das inspirações vivem em pixels.
pelo menos as que juram ser pessoas.
Penso que a partir do momento que conseguimos controlar nossos instintos, somos humanos. Pensar é humano. Conviver em sociedade e suas características nos torna humanos. E, claro, sentir (sim, porque responder a estímulos e interpretar emoções são coisas diferentes). Céus, por que evitar sentimentos?
O que há de errado com demonstrar, o mínimo que seja? Não importa se são "maus" sentimentos (de onde saiu isso?). Sentimento é fraqueza?

"Não lemos e escrevemos poesia porque é bonitinho.
Lemos e escrevemos poesia porque somos humanos e o ser humano está repleto de paixão.
E medicina, advocacia, administração e engenharia são objetivos nobres e necessários para manter-se vivo.
Mas a poesia, beleza, romance, amor… é para isso que vivemos."
(Sociedade dos Poetas Mortos)

10 de outubro de 2011

Ereny Rodrigues Saonetti.

Uma vela.
Pelo aniversário que tu não fez.
Pelo sono que te levou.

Uma vela queimando no meu quarto
pelo susto na madrugada com a notícia da tua morte.
Bem aqui.

Um minuto de silêncio.
Pela promessa que não consegui cumprir pra ti por falta de amor.
Pela promessa que tu não me cumpriu por falta de saúde.

Uma vela. Por um Jesus nunca vivo em mim.
Pela santa que tu tentou ser.
Pela religiosidade que tentaste ensinar e nós nunca aprendemos nessa casa.

Um minuto de silêncio.
Em oração por tua (c)alma.
Por teus 73 anos nunca completos.

Uma vela.
Do jeito que tu ensinou. Por respeito.
Por nossos erros. Pela luz que quero que tu junte à alma.

Um minuto de silêncio. Por tuas histórias sofridas.
Pelo teu filho e teu neto
mortos na estrada. Juntos, enfim.

Uma vela.
Uma vela. Um sopro.
"Boa noite, vó."
O que a gente faz com um sonho quando ele se realiza?
Como tratar aquele grande desejo quando ele deixa de ser inalcançável para ser parte dos teus dias como...
real?
Tem coisa que não muda. Essa cidade é muito grande para fechar ciclos?
Ele ainda sabe mais de mim do que eu nunca saberei.
Eu ainda escondo muita coisa dele.
Ela ainda repete atos.
Eu corro de qualquer coisa que lembre amor.
Ela faz uma bagunça danada.
Eu ainda faço qualquer coisa para ela não saber e eu matar isso para sempre.
Ele faz um barulho desgraçado e
eu ainda fico brava e termino no quarto estourando tímpanos, venerando gente do longe.
Percebi que escrevo e não falo de mim.
Eu nunca falei de mim pra eles.
Mateus sabe.
"Eu não entendo sua cabeça". "Você deveria se expressar mais".
Eles se expressam, choram, declaram amor, amizade, dedicam músicas.
Eu não. Não completamente.
Eu nunca contei uma verdade inteira pra ninguém daqui.
Fecha o olho e sonha que está no teu lugar.                                                           Que venha o próximo.

A marca em Berlim que dividiu o mundo te divide daqui.

Longe da minha idade, de qualquer compreensão minha.
Tu estás longe do meu país, do meu continente.
Tu estás tingindo tua pele mesmo que somente eu esteja num país tropical.
Você disse que estar perto não é físico e agora tuas lentes imitam em pixels os teus traços.
Mas é físico. Não há pele de cão no meu hemisfério.
Fronteiras existem, fazem sentido, delimitam sentimentos.
Você só existe nos meus olhos. Você existe em cada parte de si mesmo.
L   o   n   g   e   .

6 de outubro de 2011

Por mais que teu argumento seja bom, hoje resolvi que não terei ódio das palavras.

"Nos livros encontro os mortos como se estivessem vivos,
nos livros vejo o que está por vir.
Tudo se deteriora e desaparece com o tempo,
toda a glória cairia no esquecimento
se deus não tivesse dado aos mortais o recurso dos livros."

Richard de Bury, citado por Alberto Manguel


(Mo, Inkheart)

4 de outubro de 2011

Corpo de papel, sangue de tinta.

"Pensando bem, talvez ela fosse semelhante a ele: o lar dela também consistia em papel e tinta de impressão. Talvez ela se sentisse tão estranha quanto ele no mundo real".

Inkheart

Por Elinor.

"O mundo era terrível, cruel, impiedoso, negro como um sonho mau. Não havia um lugar para viver. Os livros eram o único lugar onde havia compaixão, consolo, alegria... e amor. Os livros amavam a todos que os abriam, ofereciam proteção e amizade sem exigir nada em troca, e nunca iam embora, nunca, mesmo quando não eram bem tratados. [...] As palavras são imortais... a não ser que venha alguém e ponha fogo nelas. E mesmo assim..."

Inkheart, Conelia Funke

2 de outubro de 2011

Mais um sobre esperar para sempre.

A emoção leva a gente pro buraco, ele disse.

Tarefas acumulam esquecimentos. Tempo acumula desgastes.
Talvez seja ingratidão, talvez seja o que chamam de continuar.
Até a ansiedade cansou de esperar, acho que porque nossa alma aprendeu que expectativa é decepção.
Se guardar de explosões antecipadas talvez seja indelicadeza, mas sabemos que será mais real se deixar para ser forte na hora da novidade.

Foi a coisa mais forte naquele tempo. E varreu tudo de tal forma que nada mais é suficiente.

Tenho tido uma sensação de que tudo se repete, por mais que eu busque coisas novas. É tudo enganação.
Um sentimento de urgência é tão violento que quase dói no rosto.
Existe vergonha quando leio outras coisas, mais vergonha ainda quando percebo que conseguem sobre mim o que não consigo sobre mim mesma. Fazer isso tudo não faz sentido, e quando penso que talvez faça para eles, sinto a urgência de perceber que não estou no lugar certo. Como a gente se põe no lugar se não sabe onde ele é?
Outras cabeças pensam coisas que a gente jamais imaginaria ou ousaria.
Sinto-me incomodada com tudo e quando penso incomoda mais. Sentir essas coisas que nunca se sentiu é ardido, violento, urgente, cansativo.
Nos suga palavras (o que irrita até a pessoa no fundo da tua cabeça que sempre te impede de tentar, que chamo de Razão) e marca o que depois será lembrado como adolescência. Como cutucar minha zona de conforto? O que é realmente provocador?
Fazer coisas em silêncio me dão medo quando percebo que estou por um fio.
Talvez eu também tenha necessidade de ser aceita, ser motivo de orgulho pelo menos uma vez ou ser admirada (o que, quando se trata dele, exige um esforço muito maior. O que, quando se trata dela, é possivelmente impossível).
Mais uma vez essa vergonha que me violenta e jamais será presa. Todos fazemos coisas para os outros verem. Sozinho a gente percebe que não faz as coisas daquele jeito cotidiano mesmo e isso implica no susto, no medo e na fuga. Faço coisas que se pensar comigo e só comigo, não faria.
As coleções mostram apenas que o tempo está passando e eu não sou velha pra perceber isso. Tempo é relativo.
Há tempos não ia dormir triste.
Há dois dias percebi que não é tão fácil alcançá-lo. Ontem percebi que nossa diferença é marcada não pelo o que, e sim pelo como e é nisso que eles veem beleza. Percebi que tem quem ria da gente sem mostrar os dentes, quem duvide sem ironias. O ônibus me levaria até o ponto final sem que eu visse e eu estaria longe de casa sem sentir, se não fosse o garoto da camiseta verde. Talvez eles digam a verdade que por enquanto não faz sentido: quando você acorda, o teu tempo já passou.

1 de outubro de 2011

Então nós lutamos através do sofrimento
e nós choramos e choramos e choramos e choramos
e nós vivemos
e nós aprendemos
e nós tentamos e tentamos e tentamos e tentamos.
J.B.
A certa altura, ouvi a porta de Lily se abrir, seus passos pelo corredor, mas rapidamente apaguei as luzes e fiquei em silêncio. Haviam sido 15 horas seguidas falando, não conseguiria falar mais.
(L.W., O Diabo Veste Prada)

E a gente sempre precisa arrumar tempo para se desculpar, Andy... todos os dias.
:/