26 de novembro de 2011

Lendo.

Gosto desse mundo mais do que soprar dandelions, mais que o barulho que os saltos dos sapatos fazem, mais que saber cantar junto, mais que descer a ladeira de bicicleta.
Eu amo tudo isso.

É um leque de dez opções onde dentro de cada opção existe mais dez.
Amo saber que de livro para livre existe só uma letra.

20 de novembro de 2011

Ela pratica o desapego...

Ela toma banho gelado para lembrar a si mesma que quase tudo em sua essência não é exatamente confortável, bom ou bonito.
Ela se olha insistentemente no espelho mesmo com vergonha, até encontrar algo que finalmente a agrade, ou pelo menos até se acostumar com tudo o que não tem.
Torturar-se a lembra constantemente que está viva.
E ela é forte.
Minha mãe é meio estranha. É que o jeito dela é esse, toda friona. No fim das contas somos iguais: práticas, sem lenga-lenga.
Sempre me choco quando ouço um colega dizer que não gosta de sua mãe. Como se fôssemos obrigados a gostar da figura. Também gosto de ser contrária. Mas nesse caso não é medo ou o peso de ter que ter orgulho da minha mãe, é apenas uma verdade que, de certa forma, tenho dificuldade de admitir.

Mas acho único os dias em que estamos só eu e ela e curtimos nossa feminilidade e poucas coisas que temos em comum. Quando ela me chama pra dormir na cama dela e me acorda logo cedo pra ter com quem conversar e bebericar café.

Acho engraçado como ela olha concentrada para a TV mas não tem ideia do que está passando e até quando me "confunde" com um menino. Ou então quando ela me manda calar a boca e voltar a ler meu livro e fica me oferecendo doce toda hora.
Eu já me peguei muito cansada na madrugada de sábado e mesmo assim deixando tudo limpo só para acordar bem cedo e vê-la passando roupa mais tranquila e também já usei os pincéis de maquiagem dela só por causa de seu cheiro.
Admiro a forma como foi a pessoa mais forte que já vi ao cuidar do câncer alheio e como cuidou de tudo e todos mesmo vendo sua própria mãe morrer nos seus braços.

Ela só está cansada, e acho que sou um tempo tarde demais para o que ela precisa aguentar.
Quando ela é a melhor mãe do mundo, sou a pior filha.
Eu gosto dessa distância entre a gente. Talvez se fôssemos mais próximas não existiria essa graça toda e sei que nós duas temos lados muito feios que não devem ser mostrados.
"Eu acho que... acho que ela realmente gosta de mim. E acho que eu gosto dela mais do que ela sabe, mais do que eu demonstro... Eu só queria não ser assim tão..."

18 de novembro de 2011

Sobre todos os índios sem cobertores

Ele sente fome.
Ele sente frio.
E o pior:
ele sente medo.

(Por todos que foram índios.)
(Para quem ainda é.)
E eu quis fazer diferente e comecei subir a escada sem olhar pra ela.
Mas logo senti vergonha do tombo que não levei.
Na verdade fiquei com vergonha dos risos que poderiam ser.

Não tardou fiquei com vergonha de ter tido vergonha,
de ter tido medo,
de ter sido igual por medo do que pensariam.

Quanta humilhação.

"O silêncio dos descobrimentos"

Seu rosto parecia angelical.
Quase apagado, sem graça.
Suas páginas faziam muito barulho.
Letras sabem falar.
Coube pena, coube origens, coube dois gatos.
Coube um amor e uma eterna esperança de 28 anos.
Coube vontades, um poço do vermelho, uma história onde não tinha história.
Coube a reinvenção de um Brasil inteiro.
Coube leituras das páginas tilintantes para dois garotos e risadas exageradas.
Coube minha avó e coube toda a saudade do mundo.
Engoli o livro num só dia.
Ele me chamou e me amou ao mesmo tempo que o amei incondicionalmente.
Eu o deixei com seu mundo feito de letras e traços.
Ele me deixou ir cheia de letras e traços no coração.
Ele está cheio de silêncio agora.
Eu estou cheia de descobertas.

11 de novembro de 2011

As Damas Brancas.
 -Elas chegarão logo, não é? -perguntou Meggie preocupada. -Virão buscar Farid.
Mas Dedo Empoeirado sacudiu a cabeça, e pela primeira vez ele sorriu, o sorriso misterioso e triste que Meggie só conhecia nele e que ela nunca havia entendido completamente.

(Inkspell)

"Sabe, acredito que um livro sempre guarda algo de seu dono entre as páginas."

Eu também, Cornelia. Eu também.

8 de novembro de 2011

"O mundo é um diretor de colégio que pune nossos erros. Não estou falando de Jesus nem sendo místico. É mais como quando você vive tropeçando num degrau oculto, dia após dia, até finalmente entender: cuidado com esse degrau! Tudo que a gente tem de errado, se somos egoístas demais, ou mansinhos demais, ou qualquer coisa demais, é sempre um degrau oculto. Ou você sofre as consequências de nunca perceber o erro ou, um belo dia, você percebe e o corrige. Mas o engraçado é que depois de você botar na cabeça que aquele degrau oculto existe e pensar mais uma vez Ei, no fim das contas a vida não é uma merda tão grande, BUM! Você sai rolando por uma nova escadaria de degraus ocultos.

Sempre existem outros."

5 de novembro de 2011

Você não viu o que viu.
Você viu o que quis ver.
(Joana D'arc, Luc Besson)


Todos fazem isso.
É isso que temo, é isso que evito.
Nesses tempos não há nada mais importante que a razão.

2 de novembro de 2011

O caminho da natureza ou da graça.

Justo eu, quem mais sentia que meu favorito era fonte inesgotável de inspiração.
Onde te abandonei? Quando foi que passei a ter medo e preguiça de ti?
Eu sei onde começou e não sei onde foi perdendo a leveza do vestido roubado...
Quando a consciência do "errado" nos impulsionou a escondê-lo para sempre?


Justo eu, quem mais dizia que sempre volta para você. Agora tento provar o contrário e, pior, levar mais gente.
Onde perdi minha fé?
(Como faço para encontrá-la mesmo?
Pra que, se de nada me importa?)
Só não quero ter medo de um deus que.
Respeito vem com teco de medo. Do contrário se torna outra coisa.

Feito algo ruim é porque lhe interessa. Mesmo que pague por isso, terá ganhado de um lado.
A desgraça também recai sobre os bons.
Então... Por que essa paranoia doentia de sempre acertar?