20 de novembro de 2011

Minha mãe é meio estranha. É que o jeito dela é esse, toda friona. No fim das contas somos iguais: práticas, sem lenga-lenga.
Sempre me choco quando ouço um colega dizer que não gosta de sua mãe. Como se fôssemos obrigados a gostar da figura. Também gosto de ser contrária. Mas nesse caso não é medo ou o peso de ter que ter orgulho da minha mãe, é apenas uma verdade que, de certa forma, tenho dificuldade de admitir.

Mas acho único os dias em que estamos só eu e ela e curtimos nossa feminilidade e poucas coisas que temos em comum. Quando ela me chama pra dormir na cama dela e me acorda logo cedo pra ter com quem conversar e bebericar café.

Acho engraçado como ela olha concentrada para a TV mas não tem ideia do que está passando e até quando me "confunde" com um menino. Ou então quando ela me manda calar a boca e voltar a ler meu livro e fica me oferecendo doce toda hora.
Eu já me peguei muito cansada na madrugada de sábado e mesmo assim deixando tudo limpo só para acordar bem cedo e vê-la passando roupa mais tranquila e também já usei os pincéis de maquiagem dela só por causa de seu cheiro.
Admiro a forma como foi a pessoa mais forte que já vi ao cuidar do câncer alheio e como cuidou de tudo e todos mesmo vendo sua própria mãe morrer nos seus braços.

Ela só está cansada, e acho que sou um tempo tarde demais para o que ela precisa aguentar.
Quando ela é a melhor mãe do mundo, sou a pior filha.
Eu gosto dessa distância entre a gente. Talvez se fôssemos mais próximas não existiria essa graça toda e sei que nós duas temos lados muito feios que não devem ser mostrados.
"Eu acho que... acho que ela realmente gosta de mim. E acho que eu gosto dela mais do que ela sabe, mais do que eu demonstro... Eu só queria não ser assim tão..."

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