28 de julho de 2011

gosto até quando ele acaba comigo...

- Eu só não entendo...
- É que você cresceu sem regras. As regras existem há muito tempo e permanecem vivas porque há muito tempo dão certo. Você cresceu sem limites e acha que o mundo todo é errado só por causa das coisas que pensa. É por isso que você não entende.

Lóri,

eu também estou tentando arrumar minha pintura nos olhos e minhas maçãs na fruteira.
Mas tudo que eu arrumo, bagunça outra coisa.
Toda hora nossa bagunça tá diferente.

27 de julho de 2011

"A verdade é que estou uma bagunça. Por dentro e por fora" (C.L.)

Tanto barulho, chega a calmaria.
Precisamos nos recuperar da bagunça. Do quarto, da pia, do banheiro. Das roupas, da minha maquiagem borrada, dos cabelos e da cabeça. Das "palavras mal ditas e malditas". De nós. Da morte dela e a bagunça no quintal e no coração da minha mãe que isso causou, e também da bagunça das lembranças que o pequeno papel vem trazendo. Da bagunça no estômago e no útero. Da bagunça dos amigos, das mentiras, das escavações à alma que preciso fazer.

E depois disso tudo, o que preciso, quero, devo e farei.

22 de julho de 2011

Acho que a gente sempre aguenta firme porque esperamos por um único dia. O famoso dia em que "tudo vai valer a pena".

E acho que tenho sorte de saber bem que dia é esse. Nem todo mundo sabe por que não acaba com tudo.

Sempre estou fazendo uma coisa quando, na verdade, era pra estar fazendo outra. Sempre. Mesmo que esteja no lugar que preciso estar.
Acho que só vai ter um dia em que vou ter certeza que estarei no lugar certo de verdade.

Mas e depois?
Depois...
vou ter que sonhar com outra coisa, arrumar outra coisa pra esperar pra sempre e ter outro motivo pra levar...

20 de julho de 2011

Viver mata

E eu olhando da minha pequena ampulheta pros relógios pra descobrir quanto tempo o tempo tem.
Sem sentir, sem perceber, que também estou envelhecendo sempre que a tela muda a iluminação pra mudar o número, o ponteiro vira e um conjunto de grãos coloridos cai.
Vai passar em qualquer um deles.
E você não vai enganar o tempo mesmo se voltar o ponteiro ou virar a ampulheta.
 
Eu também estou passando.
Eu também estou morrendo.

18 de julho de 2011

15 de julho de 2011

é, eu acho que eu amo você.

Toda vez que tu faz a barba te lembra de mim.
Pois hoje sangue que me escorria às pernas só faltou gritar teu nome.
(Cor que parece mergulhar nos olhos, a lesão que nem tinha forma parecia de...)

Sangue quente contra água fria.
insistia sair.
levava embora.

Agora o corte é mais perfeito, e se toca ainda dói. Quem se importa?

Importa é que não importa.

Quanta chuva querer levar meu sangue embora, meu corpo sempre vai lutar pra mantê-lo.
E nem todo mundo sabe disso.

12 de julho de 2011

E minha biblioteca favorita se reabriu.

Seus filhos implorando por meus olhos;
quase os arranco, pois.
Mesmo que não possam ouvir
quase peço desculpas
por não poder despertar
cada um deles
do sono que eu também dormi.

11 de julho de 2011

ela a beijou com cuidado, como se pudesse quebrá-la.
quando percebeu que era correspondida, bastou.
sentiu-se parte de um passado que nunca quis viver.

10 de julho de 2011

sobre a mania de esconder meus papéis

"Se eu vejo um papel qualquer no chão


Tremo, corro e apanho pra esconder


Com medo de ter sido uma anotação que eu fiz


Que não se possa ler


E eu gosto de escrever, mas...


Mas eu sinto medo!"

Clarice sabia como é.

E agora a angústia vinha porque de novo descobria que precisava de Ulisses, o que a desesperava - queria poder continuar a vê-lo, mas sem precisar tão violentamente dele.

(Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres)

9 de julho de 2011

7 de julho de 2011

"Concluí que os atores eram diferentes de nós. Tinham seus próprios motivos. Vocês sabem, quando se passa muitas horas, muitos anos fingindo ser uma pessoa que não se é, bom, isso pode nos causar alguma coisa. Já é duro bastante tentar ser a gente mesmo. Pensem em tentar muito ser alguém que não se é. E depois ser outra pessoa que tampouco se é. E depois outra. A principio pode ser emocionante. Mas depois de algum tempo, depois de ser doze outras pessoas, talvez seja difícil lembrar quem é mesmo, especialmente se a gente teve de compor as próprias falas. "



Bukowski

6 de julho de 2011

eu parti de mim mesmo

E agora to com medo de nós cinco. A gente tá levando isso porque tá forçado. A gente tá se negando a ver uma coisa que não é mais, não existe. Lembra como era há um ano? Não era mais intenso, verdadeiro, sem brigas? Certo, até as brigas tinham sentido.
A gente mudou demais, chega de querer retornar, fazer ser de novo, porque não é mais.

Ela já não ri de tudo, talvez porque percebeu que nem tudo na vida é engraçado mesmo. Ele já sacou que é um viciado. A menina já percebeu que tudo fica difícil mesmo, e sofre por isso, por perceber que também tem preconceitos, principalmente quando eles estão dentro da tua casa, do teu grupo de amigos. Às vezes me culpo por isso, por que eu fiz ela enxergar. Ele resolveu ir prum caminho bom de um jeito ruim. E tá acabando com as relações, reclamando disso, sem perceber que ele mesmo tá causando. Ela não quer mais sair, inventa um monte de coisa sem noção pra se esconder. Tá cansando.
Tanto faz eu nunca querer dizer o por quê, porque vocês também me negaram vários deles.
A gente já sacou que depois de curtir pra caramba tem a parte foda.

A gente fala de coisas trágicas como aviso, mas a gente não quer ver que tá dentro da nossa cabeça mesmo que a gente tenha medo. E tá tudo diferente, a gente tá junto por convivência, por obrigação, talvez e por responsabilidade. A gente tá sozinho. Se vocês não se mancaram ou se não acontece com vocês... é só comigo. Não sei se vocês também choram sempre que percebem que tá tudo perdido mesmo, que estamos diferentes, e sentem vergonha disso.

Estamos muito ocupados com nossos próprios pensamentos que explodem na gente o tempo todo pra pensar nos outros, e sentimentalismo não cola mais.

Isso é crescer?
Que bosta.

4 de julho de 2011

Aos 15 anos, tudo é infinito

"Se eu pudesse contar as lágrimas que chorei na véspera e na manhã, somaria mais que todas as vertidas desde Adão e Eva. Há nisto alguma exageração; mas é bom ser enfático, uma ou outra vez, para compensar este escrúpulo de exatidão que me aflinge. Entretanto, se eu me ativer só à lembrança da sensação, não fico longe da verdade; aos quinze anos, tudo é infinito."
Machado de Assis, Dom Casmurro

Pois é, Bentinho é um dos poucos que não se esqueceram disso.

"agonia", lembra?

Sinto o mundo de forma completamente nova e diferente quando consigo cavar um pouco mais da tua alma. Como se fosse tudo o que eu quero que a minha seja.

Já me perdi dentro de você, foi bom. Teve gosto de neblina, de fotografia, da rua Augusta, do teu apartamento, de livros que não via a hora de ler.
Já te evitei de tantas formas, também... E não teve gosto de independência, como devia ter. Tinha gosto de mim; e era sem graça.

Fato é que não tenho mais minha vida.

Fato é que toda vez que você deixa eu retornar pro teu mundo, ela está lá, em tudo. Por mais que você negue, eu tô vendo. Ela faz parte da tua realidade e das tuas saudades, e quiçá das tuas inspirações!
Ela tem o meu mundo... mas eu não quero que ela faça parte de mim, mesmo sendo (boa) parte de você.

Meu pai disse um dia que ciúme é amargo demais pro coração, tanto que e a gente saliva, saliva...


Eu acho que estou babando ciúme.