27 de janeiro de 2012

E minha juventude me dá ideias revolucionárias, esperança, me tira qualquer medo que não sinto, faz a vida ser tão simples que cabe em cores pastéis e versos que nem sei fazer.

Poesia se fala, se experimenta, se testa.
Ouvir a própria voz e como a poesia encaixa ou não na nossa boca e dentro da gente. Ler em voz baixa, aos pequenos sussurros para torná-la mais bonita, pra contar segredo pra gente mesmo e grudar melhor cada cantinho que não está escrito na parte mais sensível da gente.

O segredo que ele sonhou pra mim. (E me escreveu, me construiu, me descreveu, desconstruiu)

"Poesia, que dorme no silêncio.
Que acorda com cantoria.
Que vai pelo cérebro.
Ama o coração, parte outros.
Que é barulho. Que foi preto.
Que sempre terá em si um latido.
Que esmeraldas não brilham mais que sua aura.
Poesia que morre. Renasce. Vive.
Poesia que tem confiança.
Que chama pra teu lado, quem tem caneta...
Pra escrever junto a ti, no seu "diário".
Afinal, é poesia de livro."


(Mateus Borge)

26 de janeiro de 2012

Poesia de celofane (Mateus)


Se eu fosse uma estrela, eu brilharia mais que as outras pra chamar tua atenção
E tentar te despertar um desejo bonito pra ser eleita a tua estrela .
Eu te regeria até tua casa todas as noites,
te cantaria uma surda canção
mesmo sem saber fazê-la.
Te veria adormecer pela janela com teu rosto denunciando adolescência,
desenvolvendo um homem
e tecendo sonhos a um humano.
E mesmo que o dia fique claro antes dos seus olhos iluminarem o dia,
te olharei dali, escondida.
Pra  no anoitecer te levar pra casa outra vez,
quem sabe talvez
no teu mau humor em segredo,
eu brilharia menos
pra te ver dormir sem luz no rosto e lhe apagar o medo.

19 de janeiro de 2012

Perfect weapon.

Um pouquinho de estudo de História já fornece armas para combater uma porção de preconceitos.

9 de janeiro de 2012

Só para eternizar na internet o que a gente não pode eternizar no conforto dos nossos braços.

Com todo o carinho de seus cinco anos que passaram. Com todo o pesar que viverei meu completar de 16 anos para sempre.

"Deus sabe o que quis foi te proteger/ do perigo maior, que é você/ eu sei que parece o que não se diz/ 'O seu caso é o tempo passar'/ Quem fala é o doutor"
(Do sétimo andar, Los Hermanos)

"Não-tem-pubema", é o que ela diria.

evaldocgomes diz:
*sei q nd vai te confortar e diminuir o desespero agora
*ela teve uma boa vida menine, foi bem cuidada, mimada rs, por vcs... foi injusto o jto q aconteceu, mas ela sempre vai ser grata a vcs


Eu sei...

Keury conseguiu conquistar cada um da casa. Conquistou até um adesivo da família no carro.
Eu ia todos os dias no mercado namorar aquele vestido florido pra ela. Quando o ganhei de presente, quase explodi! E ela ficou "tããão muniiita no vestiiido *-*".
Economizei pra comprar potinhos de ração melhores. Lhe dei banho quase todos os fins de semana e morria de rir quando ela se escondia quando o carro do pet-shop vinha buscá-la. Gostei de levá-la ao parquinho. Gostei até da luta contra as pulgas e os vermes. (Faltava só mais um comprimido, afinal.)
Todos riam quando eu punha touca nas orelhas dela para não entrar água durante o banho ou a enrolava com nossas próprias roupas.  
"Foi o tempo que dedicaste a tua rosa que a fez ser tão importante."
E lembro do nosso último tudo, sem saber que seria o último. O último banho que te dei e enchi de perfume. Do nosso último passeio para que perdesse essas banhas. Da última vez que a vi agarrar o pote de ração, e claro, sua última "refeição": o primeiro pedaço de bolo do meu aniversário. O último enfeite: a fitinha azul, com a qual foi morta. Tua última noite, que fizeste questão que fosse numa conchinha gostosa comigo, só comigo... Pelo menos tu foi a tempo de descobrirmos que aqueles latidos absurdos que dava quando chegava alguém, era de alegria. E de descobrir que tu amava meu dadinho de pelúcia.

Nossos carinhos só a gente sabe. Apertar de tetinhas, passar os dedos no focinho molhado, apelidos fofos e os bom-dias mais lambidos na minha cara. Mostrar os dentes quando tinha cosquinha. "Que sorriso munito mais Colgate". Te defender com um "não tem pubema" sempre que aprontava uma, levava bronca dos outros e vinha direto se encolher perto de mim. E todos aqueles olhares cheios do amor que tu não conseguia dizer em palavras. Querida por cada um que vinha aqui.

Esvaziar os potes, dobrar o vestido, guardar o xampú e a toalha, enrolar as correntes, esquecer os prazos de remédios.
Ele tira o boné, arranca o adesivo de um cachorro do carro e chora.
Lembrar que ela foi "a cadela que ganhou na loteria", pedir para que o assassino bruto pague; e apagar a vela. E ouvir um monte de silêncio. Não dividir intervalos de respirações, desejos de boa noite, patas trotando atrás onde quer que fosse na casa e nem o inconfundível barulho do rabo batendo no sofá.
Ninguém pra chamar teu nome e dividir sua atenção dócil. Tá todo mundo com um rombo no coração.

7 de janeiro de 2012

Vai dizer que não bate um desapontamento?

- É estranho, não é? - perguntou Sam inclinando-se perto dela sobre a mesinha e baixando a voz.
- O quê?
- Que a gente possa ter uma vida inteira, com todas as nossas opiniões, os nossos amores, os nossos medos. Com o tempo, todas essas partes de nós desaparecem. E depois as pessoas que poderiam se lembrar dessas partes também desaparecem, e de repente, tudo o que resta da gente é o nosso nome em algum registro.
(O livro perdido das bruxas de Salem, Katherine Howe)

5 de janeiro de 2012

A graça de ter uma vida é colocar várias vidas nela. Ser quem a gente quer ser.
Viver a mesma coisa sempre deve ser chaaato...

1 de janeiro de 2012

De boas intenções o cemitério está cheio.

É verão. Pejorativo. (Absurdo como digo que amo janeiro mas não ligo pro meu aniversário e não gosto de calor.)

Minha dor já começou. Sem contagem regressiva, mas com aviso. Eu procurei por isso.
Já está rodando, pode começar!
Dói, dói demais afundar no universo deles. E eu gosto. E admito. Sofrer eleva os sentidos.
Não sinto a dor de ninguém mais, só a minha. Essa talvez seja a essência da coisa.
Sofrer. E melhor ainda, por mim. Sofrer por minha alma. Cortá-la deliciosamente. Ensiná-la a não cicatrizar, jamais se acomodar. Sofrer implica em auto-conhecimento. Sofrer implica no ser em sua pureza. Implica no egoísmo... Procurar outros sangues para doer de verdade, não sofrer para outros verem.
Procuro por que chorar, mas não consigo. Simplesmente não é suficiente ainda. Acumule mais um pouco de. Por favor, morra.
Congelo qualquer vestígio disso com os outros. Frases de ânimo e mantras positivos me cercam. Sofrer sozinho. Depois eu também respondo vozes que ninguém mais ouve, indicando que passo muitas horas sozinha e sem falar. Depois eu também reviro minhas coisas para viver minha antiga vida de novo. Depois eu também fuço a dor alheia para zombar ou sofrer também. Eu também engordo com livros e filmes tristes. Por favor, morra.
E voltei comigo mesma bem agora. Eu também tinha marcado hora para ser feliz pela meia noite, mas meu coração resolveu se quebrar poucos minutos antes. Ou se juntar. Muita pressão machuca.
Silverchair para disfarçar qualquer Michel Teló da vizinhança.
Quando algo quebra pequenos cacos se perdem e o quebrado junto nunca mais faz sentido de verdade.
Tenho dormido na cama onde minha avó morreu. Imaginá-la andar de aura azul pela casa. "Verde é a cor da cura", eu disse no reveillon do outro ano. Imagino meu corpo morto em quase todo canto, planejo com tanto cuidado e com carinho até, imagino reações. Morro um pouquinho ao prender a respiração. Imagino que os outros também imaginam. Imagino, imagino, só isso.

É só adolescência, querida. Logo passa.
De boas intenções meus erros estão cheios.