1 de janeiro de 2012

De boas intenções o cemitério está cheio.

É verão. Pejorativo. (Absurdo como digo que amo janeiro mas não ligo pro meu aniversário e não gosto de calor.)

Minha dor já começou. Sem contagem regressiva, mas com aviso. Eu procurei por isso.
Já está rodando, pode começar!
Dói, dói demais afundar no universo deles. E eu gosto. E admito. Sofrer eleva os sentidos.
Não sinto a dor de ninguém mais, só a minha. Essa talvez seja a essência da coisa.
Sofrer. E melhor ainda, por mim. Sofrer por minha alma. Cortá-la deliciosamente. Ensiná-la a não cicatrizar, jamais se acomodar. Sofrer implica em auto-conhecimento. Sofrer implica no ser em sua pureza. Implica no egoísmo... Procurar outros sangues para doer de verdade, não sofrer para outros verem.
Procuro por que chorar, mas não consigo. Simplesmente não é suficiente ainda. Acumule mais um pouco de. Por favor, morra.
Congelo qualquer vestígio disso com os outros. Frases de ânimo e mantras positivos me cercam. Sofrer sozinho. Depois eu também respondo vozes que ninguém mais ouve, indicando que passo muitas horas sozinha e sem falar. Depois eu também reviro minhas coisas para viver minha antiga vida de novo. Depois eu também fuço a dor alheia para zombar ou sofrer também. Eu também engordo com livros e filmes tristes. Por favor, morra.
E voltei comigo mesma bem agora. Eu também tinha marcado hora para ser feliz pela meia noite, mas meu coração resolveu se quebrar poucos minutos antes. Ou se juntar. Muita pressão machuca.
Silverchair para disfarçar qualquer Michel Teló da vizinhança.
Quando algo quebra pequenos cacos se perdem e o quebrado junto nunca mais faz sentido de verdade.
Tenho dormido na cama onde minha avó morreu. Imaginá-la andar de aura azul pela casa. "Verde é a cor da cura", eu disse no reveillon do outro ano. Imagino meu corpo morto em quase todo canto, planejo com tanto cuidado e com carinho até, imagino reações. Morro um pouquinho ao prender a respiração. Imagino que os outros também imaginam. Imagino, imagino, só isso.

É só adolescência, querida. Logo passa.
De boas intenções meus erros estão cheios.

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