9 de janeiro de 2012

"Não-tem-pubema", é o que ela diria.

evaldocgomes diz:
*sei q nd vai te confortar e diminuir o desespero agora
*ela teve uma boa vida menine, foi bem cuidada, mimada rs, por vcs... foi injusto o jto q aconteceu, mas ela sempre vai ser grata a vcs


Eu sei...

Keury conseguiu conquistar cada um da casa. Conquistou até um adesivo da família no carro.
Eu ia todos os dias no mercado namorar aquele vestido florido pra ela. Quando o ganhei de presente, quase explodi! E ela ficou "tããão muniiita no vestiiido *-*".
Economizei pra comprar potinhos de ração melhores. Lhe dei banho quase todos os fins de semana e morria de rir quando ela se escondia quando o carro do pet-shop vinha buscá-la. Gostei de levá-la ao parquinho. Gostei até da luta contra as pulgas e os vermes. (Faltava só mais um comprimido, afinal.)
Todos riam quando eu punha touca nas orelhas dela para não entrar água durante o banho ou a enrolava com nossas próprias roupas.  
"Foi o tempo que dedicaste a tua rosa que a fez ser tão importante."
E lembro do nosso último tudo, sem saber que seria o último. O último banho que te dei e enchi de perfume. Do nosso último passeio para que perdesse essas banhas. Da última vez que a vi agarrar o pote de ração, e claro, sua última "refeição": o primeiro pedaço de bolo do meu aniversário. O último enfeite: a fitinha azul, com a qual foi morta. Tua última noite, que fizeste questão que fosse numa conchinha gostosa comigo, só comigo... Pelo menos tu foi a tempo de descobrirmos que aqueles latidos absurdos que dava quando chegava alguém, era de alegria. E de descobrir que tu amava meu dadinho de pelúcia.

Nossos carinhos só a gente sabe. Apertar de tetinhas, passar os dedos no focinho molhado, apelidos fofos e os bom-dias mais lambidos na minha cara. Mostrar os dentes quando tinha cosquinha. "Que sorriso munito mais Colgate". Te defender com um "não tem pubema" sempre que aprontava uma, levava bronca dos outros e vinha direto se encolher perto de mim. E todos aqueles olhares cheios do amor que tu não conseguia dizer em palavras. Querida por cada um que vinha aqui.

Esvaziar os potes, dobrar o vestido, guardar o xampú e a toalha, enrolar as correntes, esquecer os prazos de remédios.
Ele tira o boné, arranca o adesivo de um cachorro do carro e chora.
Lembrar que ela foi "a cadela que ganhou na loteria", pedir para que o assassino bruto pague; e apagar a vela. E ouvir um monte de silêncio. Não dividir intervalos de respirações, desejos de boa noite, patas trotando atrás onde quer que fosse na casa e nem o inconfundível barulho do rabo batendo no sofá.
Ninguém pra chamar teu nome e dividir sua atenção dócil. Tá todo mundo com um rombo no coração.

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